Ser um Certified Scrum Master (CSM) não é muito difícil. Basta fazer um curso por um Certified Scrum Trainer (CST) e no final responder uma média de 36 questões enviadas pela ScrumAlliance. E então, você é um Certified Scrum Master.
E pra que serve?
Ela é criticada por profissionais de TI, mas existem duas coisas importantes para analisar antes de criticar:
- Se você já tem um bom nome no mercado e você é o valor da sua empresa em si, não vai precisar de certificação nenhuma. Exemplo? Pessoas como Eike Batista e Steve Jobs podem abrir uma empresa amanhã e ela já começa com um valor X, só porque eles são os dirigentes e seus clientes não querem saber se a empresa deles tem profissionais certificado YHY. Isso porque a confiança é toda depositada neles e quem a deposita conhece o perfil de cada um e sabe o do seu nível de qualidade. Não precisa de nenhum órgão para testar isso, pois eles por si são os órgãos;
- Agora o contexto dois, no qual está a maioria de nós, pobre mortais. Aquele profissional que não tem esse valor todo no mercado e que precisa que algum órgão respeitado diga: “esse cara tem os conhecimentos mínimos; nos o certificamos” para conseguir vender seu produto. E então você precisa vender o seu certificado para ganhar alguns tipos de cliente. E é pra isso existem as certificações: para aproximar novos clientes incertos do seu serviço. Esta é a realidade do mercado, seja aqui no Brasil ou lá fora – claro com algumas particularidades de cada país, mas é muito similar.
Em resumo, se amanhã você pretende atuar como um consultor Agile, e um mercado já consolidado com seu nome impresso, ter as certificações pode te ajudar com os seus primeiros clientes.
A diferença
Este é o diferencial do CSM: ao sair do curso você não é Scrum Master. Por quê? Simples, você não compra liderança, motivação de equipe, etc. Você desenvolve essas habilidades e são os pontos chaves para atuar como um Scrum Master – pouco importa se você é ótimo em Java, ou .NET, mas se não sabe lidar com equipe, remover as barreiras, ou ter um bom relacionamento, você está perdido. Agora vem a sensação de outras certificações, como Java e algumas do PMI, que ao terminar você olha e pensa: “mas eu estudei isso e aquilo. Agora eu sei exatamente como fazer X. Já sei usar generics e entendi threads, ou aprendi como calcular custo do projeto com menos erros, depois da prova PMI xxx”.
Quem for fazer certificação Agile deve esquecer qualquer uma dessas sensações – pelo contrário! Você sai de lá com mais dúvidas e mais confuso ainda. No início achei meio estranho, porém com o passar de um ou dois dias achei que isso era um ponto-chave excelente, pois fiquei motivado a buscar como resolver aquelas confusões e para isso tinha que estudar mais, aumentar o faturamento da Amazon.com, etc. E quando fazemos as certificações tradicionais isso não acontece. Afinal, após termos sido aprovados, temos a falsa segurança que dominamos o assunto e nem abrimos mais o livro de estudo. E então começamos outra jornada: o esquecimento daquilo que não se usa com frequência.
O treinamento
São dois dias de treinamento, no qual abordam os pontos core de Scrum, com conceitos teóricos, práticos e cases. Há muita discussão e aprendizado nesses dois dias. Não é um curso comum; o aprendizado é grande e muito valioso. E sabe por quê? Vou responder a seguir.
A sacada da ScrumAlliance
É fácil criticar quando não conhecemos, mas a ScrumAlliance fez algo que achei interessante. Ser um CST não é para qualquer um. Ou seja, só quem teve e tem vivência pratica em Agile pode ser um CST. E isso garante que o conteúdo do curso será com um profissional que tem conhecimento e experiência de fato (ou seja, teve muito conflitos para resolver). E isso enriquece todo o curso de uma forma que é difícil descrever. Na maioria da faculdade temos professores “doutores” que nunca tiveram uma experiência profissional e assim, o o curso só fica no meio acadêmico. Mas quando o aluno chega ao mercado vê que a coisa é bem diferente. No treinamento da ScrumAlliance isso não tem como acontecer.
Ao sair do curso
Bem, ao sair do curso não dá para ter a síndrome do estudante e achar que é o ScrumMaster. Talvez, os menos experientes profissionalmente possam sair com essa síndrome. A certificação não prova que você tem todas as habilidades de ScrumMaster expert. Porém, é esperado que o aluno tenha o conhecimento suficiente para rodar uma Scrum, mas isso não quer dizer que ele vai conseguir rodar bem ou vai rodar a melhor Scrum do mundo. No curso você percebe se é aquilo o que de fato que deseja para você. O framework Scrum deixa transparente o papel e o que um SM vai viver no dia-dia sem maquiagem.
Compensa?
Essa é pergunta que muitos fazem. Bom, responderia dizendo que sim. É um bom curso, com aprendizado diferenciado, baseado em experiência e case e não é só formado por conteúdo teórico. É como o meu CST, Michel Goldenberg, falou: “se fosse teórico e explicar o que já tem no Wikipedia, ninguém precisava estar aqui, pois isso já está disponível de graça”.
Valor do investimento
R$ 1.950,00. É isso que você vai ter que investir. Não posso dizer que é um valor fácil. A única coisa que invisto sem estar muito preocupado é no conhecimento, então nunca vejo um investimento em conhecimento como perdido. Mesmo se um dia fizer um curso e ele for ruim, eu vou conseguir aprender algo com ele. Do lado negativo sempre dá pra tirar algo de positivo para o seu aprendizado, mesmo que não seja no conteúdo do curso.
O mercado
Como o mercado vai ver essa certificação? Da mesma forma que ele vê as demais – talvez essa aqui ainda pior, porque um dos problemas ainda existentes é saber se quem analisa sabe interpretar e conhecer o curso e como ele qualifica o aluno.
Conclusão
Foi um curso muito produtivo, conheci pessoas diferentes, o Michael é de fato um cara muito experiente e com uma boa didática. Ele fez o que pouco fazem, ensina o porquê das coisas. Como eu não sou muito preso a esses papéis de parede, faria o curso mesmo sem certificado – não estou muito preocupado com ele, exceto se eu precisasse vender para um cliente que gosta de ver esses títulos “in english” de preferência.
Fonte: http://imasters.com.br/artigo/24284/agile/certified-scrum-master--como-e-o-processo-para-a-certificacao?trace=1519021197&source=single